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Guerra Civil - Uma análise da novelização de Stuart Morre

   A épica história que provoca a separação do Universo Marvel! Homem de Ferro e Capitão América: dois membros essenciais para os Vingadores, a maior equipe de super-heróis do mundo. Quando uma trágica batalha deixa um buraco na cidade de Stamford, matando centenas de pessoas, o governo americano exige que todos os super-heróis revelem suas identidades e registrem seus poderes. Para Tony Stark, o Homem de Ferro, é um passo lamentável, porém necessário, o que o leva a apoiar a lei. Para o Capitão América, é uma intolerável agressão à liberdade cívica. Assim começa a Guerra Civil. 


Titulo: Guerra Civil
Autor: Stuart Moore
Ano: 2014
Paginas: 398
Editora: Novo Século
Historia Original: Mark Millar e Steve Mcniven






   Recentemente a Marvel anunciou que o arco "Guerra Civil", um dos mais importantes das HQs, estaria sendo lançado no cinema e relançado nos quadrinhos. Ambos os anúncios abalaram o mercado e os fãs, mas enquanto os lançamentos não chegam algo inesperado acabou dando as caras: uma adaptação em romance do arco feita por Stuart Moore (Web of Spider-Man, Wolverine/Deadpool, Wolverine Noir, Batman: The Siege entre outras).


   Para os que não acompanham as HQ's (e caso se interessem em acompanhar, fica aqui a dica de que a Panini relançou recentemente o arco inteiro em um encadernado), Guerra Civil trata-se de um marco histórico no universo Marvel por ser a primeira separação dos personagens em dois grupos distintos com ideais e objetivos diferentes. Um incidente causado pela explosão de um vilão em Stanford, Connecticut, causa centenas de mortes e o governo norte-americano decide procurar por meios de controlar e regulamentar o uso dos poderes e atividades dos super-heróis. Esse cenário coloca em oposição dois membros extremamente importantes dos Vingadores, o Homem de Ferro e o Capitão América. Homem de Ferro não somente apoia a lei de registro como ele próprio fica incumbido de aplicar a regulamentação e supervisionar ao lado da S.H.I.E.L.D. o andamento das coisas. Já o Capitão, em um ato inesperado, vai contra o governo americano e se rebela, juntando um grupo de heróis que formam a resistência e desejam o anonimato e a liberdade. É nesse quadro que a guerra civil começa com lutas entre amigos, mortes e revelações inesperadas.

   Ganhei meu volume de Guerra Civil a alguns dias como presente de natal da minha namorada. Como um grande fã dos quadrinhos não perdi tempo e devorei todas as páginas em menos de dois dias. Para começar, gostaria de deixar claro uma coisa: o livro é uma adaptação e não uma cópia fiel do material original. Vou dar alguns spoilers no texto abaixo tanto do livro quanto das HQ's (e possivelmente do filme), então esteja avisado e preparado caso não tenha conhecimento algum da historia.

   O lançamento de Guerra Civil no Brasil ocorreu de forma um pouco tardia. O livro saiu em 2012 nos Estados Unidos e somente agora, dois anos depois com a popularização do arco é que alguém resolveu localizar a obra. A qualidade do livro entretanto faz a espera valer a pena. A capa é firme e com com uma ilustração forte e bem detalhada, uma impressão de qualidade. Ao abrir o exemplar e as orelhas (um pouco maiores que o normal, assim como o próprio livro que é cerca de dois centímetros maior que o tamanho mais comum encontrado) ocorre uma surpresa ao ver que a parte interna da capa também é ilustrada, mostrando de um lado o Homem de Ferro e do outro o Capitão América no que parece ser uma cena poucos momentos após a explosão que desencadeia a história. Temos então um prólogo contado do ponto de vista do herói Speedball, e em seguida a historia se divide em quatro pontos de vista que vão tecendo a historia no decorrer das páginas. O primeiro ponto de vista fica por conta de Tony Stark, o Homem de Ferro. O segundo é o de Steve Rogers, o Capitão América. Peter Parker, o Homem Aranha, fica com o terceiro sendo um dos personagens mais importantes da historia, e por fim Susan Richards/Susan Storm, A Mulher Invisível do Quarteto Fantástico, assume o quarto ponto de vista.

   Logo de cara no epilogo começamos a ver algumas diferenças entre o livro e o material original. Os Novos Guerreiros estão estrelando seu próprio reality show na televisão que mostra o dia a dia dos heróis combatendo o crime. Speedball, Namorita, Micróbio e Radical tentam enfrentar quatro vilões mais fortes que eles em busca de alavancar sua audiência decadente, mas acabam pagando um preço caro. Nitro, um dos vilões, usa seu poder ao máximo, transformando-se em uma bomba que vaporiza o grupo de heróis, toda a área de Stanford ao redor e até mesmo ele próprio.  No livro todos os Novos Guerreiros são mortos enquanto nas HQ's Speedball e Nitro conseguem sair vivos. 

   Esse acidente assusta a população que começa a se perguntar qual o risco de ter bombas ambulantes andando por toda a cidade sem qualquer regulamentação. O governo responde a essas dúvidas com a aprovação da Lei de Registro Superhumano, a LRS. Todo super herói ou vilão que queira anistia deve se registrar na S.H.I.E.L.D. revelando sua verdadeira identidade, todos os seus poderes e suas fraquezas para então passar por um período de treinamento em um dos vários campos voltados para isso, e somente então em determinados momentos e com autorização eles poderiam usar os poderes em público. Alguns entenderam a lei como uma coisa necessária e inevitável aceitando a subjugação. Outros viram o acontecimento como o começo de uma era onde o principal ideal americano, a liberdade, estava sendo tirado deles. 

Tony esta convencido de que a lei é um passo necessário para melhorar o mundo e constantemente se culpa pelo incidente em Stanford. Ele decide tomar a dianteira e fazer a lei valer, lutando e prendendo os próprios amigos se for necessário.

Steve, entretanto, foi a primeira escolha de Maria Hill, a então diretora da S.H.I.E.L.D., para assumir o posto de Tony e caçar os heróis que se recusarem a aceitar a lei. Revoltado, o Capitão faz uma fuga épica do lugar se tornando o líder da resistência o principal procurado pelo governo. 

Peter a principio é a favor ao ato de registro. Jovem, ele se impressiona e assusta com a destruição
A revelação de Peter nas HQ's
causada e percebe o risco que pessoas como ele são para a sociedade. Vemos um garoto que acaba de entrar para os vingadores após a morte de Thor (no arco Ragnarok) e esta ansioso para trabalhar com Tony que o coloca embaixo da própria guarda. Observamos enquanto sutilmente Tony manipula o Aranha com presentes, dinheiro e a segurança da Tia May fazendo com que o amigo da vizinhança fique em seu lado. Apesar da manipulação, após assistir a morte de um amigo e o macabro clone de Thor (carinhosamente apelidado de Clor) em ação, Peter visita o "Projeto 42", uma instalação de segurança e contenção de heróis construída na zona negativa. É la que ele percebe com o que esta lidando e acaba mudando de lado se aliando a resistência.

Susan passa por diversos problemas pessoais ao longo do arco. Seu irmão, Johny "Tocha Humana" Storm é gravemente ferido por civis raivosos após o incidente de Stanford. A princípio aliada de Tony e seu marido, Reed Richard, uma das mentes por trás de toda a tecnologia do Projeto 42, ela acaba percebendo as atrocidades cometidas pelo Homem-de-Ferro e depois de sentir seu casamento despencando em queda livre decide ir para o lado da resistência.

   Você vai reparar que ate aqui eu já citei o nome de no mínimo dez heróis ou vilões diferentes e eles
são somente uma pequena fração de todos que aparecem no livro. Se você não conhece todos eles, um dos pontos negativos na obra é que vai continuar sem conhecer. Era de se esperar que em uma diagramação com tanta qualidade viesse com ao menos duas ou três paginas de ilustrações, ainda que em preto e branco, mostrando uma imagem dos heróis presentes no livro, mas algo assim é inexistente. Temos que nos contentar com a descrição feita para alguns e a simples menção do nome de outros. As únicas ilustrações presentes são os símbolos ocasionais nas páginas negras dos quatro heróis principais que dividem os pontos de vista.

   Se analisarmos cada um dos quatro heróis separadamente vamos reparar que estão um pouco diferentes do conhecido, o que pode ser um ponto negativo ou simplesmente algo necessário para a adaptação, já que muito do esplendor e heroísmo dos personagens estão nas imagens e desenhos. O Homem de Ferro em alguns momentos se torna extremamente overpower em relação aos outros. A historia faz questão de apresentar o personagem como manipulador, inteligente, arrogante e egoísta, coisas que ele realmente é, mas aqui acabam aparecendo de forma exagerada. O Capitão a todo momento parece ter algo faltando, um pouco do sal presente no personagem dos quadrinhos. Ele tem um objetivo que nunca deixa explicitamente claro e é muito ambíguo o tempo todo. O Homem- Aranha é o mais empolgante dos quatro e o que mais se desenvolve no decorrer da história. O cabeça de teia dos quadrinhos foi perfeitamente transportado para as paginas do livro com direito as clássicas piadinhas nos piores momentos o possível (vide Clor). Susan, assim como o Aranha, tem um desenvolvimento ótimo, mostrando uma personagem que apesar de todos os poderes é humana e tenta entender a realidade da situação.

A história tem algumas mudanças leves como a alteração do nome de Bush para o de Obama como presidente, por exemplo. O livro também se passa após o arco "One More Day" de Spider-Man, e não antes como era na obra original. O romance também não faz nenhuma referencia ao arco "Secret Wars", e ao contrario de mostrar Nick Fury na clandestinidade o personagem é apresentado como morto. Ao contrário das HQ's onde Hulkling se infiltra no time de Tony sob a forma de Henk Pyn para libertar os prisioneiro da Zona Negativa, no livro é Sue quem invade o computador de seu marido e liberta todo mundo. Todas essas diferenças são pequenas comparadas ao final do livro que é totalmente diferente do original.

   Tudo termina com quatro epílogos diferentes anunciados por páginas pretas com as palavras "Invisível", "Aranha", "América" e "Ferro". Não vou relatar aqui os epílogos pois já dei spoilers demais, entretendo vou falar uma coisa: o arco nas HQ's termina com um dos momentos mais chocantes da histria dos quadrinhos. Capitão América, preso após os eventos da Guerra Civil e levado a julgamento no Capitólio, é cruelmente assassinado com um tiro na cabeça na frente de todos os outros heróis. No livro ele é preso e acaba de forma patriótica desenhando uma bandeira dos Estados Unidos da América.

   Apesar das diferenças (principalmente no final) "Guerra Civil" foi um dos melhores livros que li esse ano, e para fãs é uma obra praticamente obrigatória. Tirando a falta da galeria de personagens, a diagramação do livro é linda e muito bem feita, algo incrível por ser o primeiro grande trabalho da Novo Século. Vemos o livro levantar questões contemporâneas importantes como o preconceito e a censura, além da própria democracia, tolerância e posicionamento ideológico. Totalmente recomendo a obra.

   Se você gostou de Guerra Civil, saiba que ainda vem aí mais lançamentos como "Homem-Aranha: entre Trovões", "Homem de Ferro: Vírus", "Wolverine: Arma X", "X-Men: Espelho Negro", e várias outras adaptações em romance que a Novo Século vai estar trazendo ainda em 2015. Fique atento ao blog para ler nossa analise desses lançamentos o mais rápido que conseguirmos acabar de ler!


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