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The 39 Clues: O Labirinto dos Ossos - Análise

Uma saga coletiva que reúne alguns dos melhores autores do mundo, The 39 Clues procura alcançar um objetivo ambicioso ao criar um universo expandido e global de livros, sites interativos ate figurinhas colecionáveis.




TITULO: The 39 Clues: O Labirinto dos Ossos
AUTOR: Rick Riordan
GÊNERO: Aventura
EDITORA: Atica

SINOPSE: Imagine se você descobrisse que faz parte de uma família de personalidades que mudaram a história. E imagine se, no minuto seguinte, você tivesse que escolher entre herdar um milhão de dólares ou a primeira de 39 pistas para encontrar o maior tesouro do mundo. Essa é a decisão que os órfãos Amy e Dan Cahill devem tomar em apenas cinco minutos. Os irmãos queimam seus cheques e se lançam na busca das 39 pistas. O que eles nem imaginam é que seus maiores inimigos serão os próprios Cahill, uma família dividida em clãs e capazes de qualquer trapaça para chegar ao tesouro.


   Com a sinopse acima somos apresentados ao mundo dos Cahill e a saga "The 39 Clues" que é composta por uma série de livros, jogos e cartões publicados no exterior pela editora Scholastic e no Brasil pela Editora Atica. Vamos nos ater aqui a série de livros que é composta por 10 volumes com a peculiaridade de cada um ser escrito por um autor diferente sendo o primeiro, do qual essa resenha se trata, escrito por Rick Riordan que já tem um nome feito na área de livros de aventura e infanto-juvenis com as sagas "Percy Jackson e os Olimpianos" e "Os heróis do Olimpo".

   Quando ouvi falar sobre The 39 Clues pela primeira vez a saga ainda estava em seus primórdios e uma tradução para o português era um sonho. Confesso que não dei muita atenção na época e o que li sobre a mesma não me motivou a encarar a leitura em outro idioma mas agora, alguns anos depois e já com toda a saga traduzida e lançada em território nacional (ou seja, minhas desculpas para ignorar a leitura acabaram) finalmente acabo de ler o primeiro volume, "O Labirinto dos Ossos".

   Acho que é comum esperarmos grandes leituras de Autores já consagrados e quando dei uma nova chance as 39 Pistas o que esperava era uma leitura ao nível de Rick Riordan, esperava uma história envolvente e grandiosa e digo que em partes isso realmente aconteceu. Dan e Amy Cahill são dois órfãos pobres vindos de uma família extremamente rica e poderosa, a família Cahill que através dos tempos ajudou a moldar a história do nosso mundo. Pense em um nome famoso e importante. Pensou? Ele provavelmente é um Cahill. São com essas palavras que Grace Cahill, a avo das crianças descreve a família, e falando em Grace, toda a história tem início com sua morte e a consequente divisão da herança milionária que ela possuía. Grace em seu testamento convoca um grupo seleto de Cahills (alguns dos quais nem mesmo carregam o sobrenome da família ou nem tem ideia da grandiosidade da mesma) e faz a eles uma oferta: Cada um tem em mãos um comprovante bancário no valor de um milhão de dólares e esse dinheiro é deles caso saiam pela porta do salão e recusem o desafio que ela propõe, mas se aceitarem o desafio e queimarem o comprovante abrindo mão do dinheiro isso pode garantir a eles um prêmio inimaginável que daria um grande poder ao vencedor. Somente uma equipe pode chegar ao final e tudo começa com uma única pista, uma das 39 pistas escondidas pelo mundo.

   Esse é o plano de fundo das aventuras de Amy e Dan, respectivamente 14 e 11 anos, que são os protagonistas da aventura. Seus pais morreram quando eram pequenos e desde então estão aos "cuidados" de uma tia, irmã de Grace, e Se você está se perguntando o porquê das aspas a resposta é simple: Amy e Dan moram sozinhos em um apartamento simples e sem muito dinheiro enquanto a Tia mora do outro lado da cidade em um apartamento de luxo, e se isso não bastasse para "cuidados" adquirir um significado diferente do comum nesse caso, assim que as crianças abrem mão de sua herança milionária (na qual a tia estava interessada) ela os abandona para adoção. Desde as primeiras páginas podemos notar que Amy e Dan foram personagens bem construídos, cada um tendo uma personalidade própria e pensamentos próprios e até mesmo a rivalidadeXamizade entre os irmãos é demonstrada e seja por mérito de Riordan ou pelos idealizadores da historia isso é algo que ajuda a dar vida e apego aos dois, entretanto apesar dos elogios eu diria que ambas as crianças se comportam de uma forma infantil ao extremo agindo como se tivessem uma idade muito menor do que tem. Não é necessariamente um ponto negativo ou um problema mas isso pode irritar alguns leitores ao longo da história.

   Falando em personalidade, todos os Cahill participante da busca demonstram ser bastante peculiares e excêntricos. Ricos em sua maioria, passam mais tempo tentando roubar informações uns dos outros do que realmente tentando achar o próprio caminho. Passando por crianças mimadas a uma família militar e chegando a uma estrela de televisão, todos demonstram clara despreocupação quanto as regras e as leis não sendo poucas as vezes em que ocorrem tentativas de homicídio ou algum outro tipo de agressão perigosa que apesar de demonstrar o risco envolto no mistério das 39 pistas tem sua gravidade atenuada pela forma cômica na qual Riordan desenvolve a história.

   Divididos em quatro clãs, O Ekatherina que usa como símbolo um dragão amarelo, O Janus que tem como símbolo o lobo verde, os Lucian representados pelo caduceu e os Tomas com seu urso azul, cada um possuindo suas próprias características e bases secretas dignas dos filmes de James Bond (e alias, os quatro clãs e seus brasões lembraram vocês de algum outro lugar que também usa esse sistema? acho que é impossível não lembrar.) os Cahill demonstram que não estão ali para brigar e a rivalidade entre os clãs data de tempos antigos. Além dos quatro clãs anteriores, um quinto clã misterioso chamado Madrigal é apresentado na história como sendo perigoso e um inimigo dos outros tendo como objetivo impedir a descoberta das 39 pistas.

   Quanto a história em si, a todo momento em que eu lia os livros de Dan Brown me vinham a mente e logo percebi que a mecânica de funcionamento das histórias eram bem parecidas. Duas pessoas procurando e seguindo pistas enquanto outro(s) grupo(s) de pessoas tenta impedir que isso aconteça e querem chegar ao objetivo antes dos protagonistas. É claro que a história é direcionada a um público diferente e deixa de fora todo o simbolismo, as pesquisas históricas e a filosofia empregada nas obras de Brown. Sendo uma história imersiva e com personagens bem definidos e marcantes ela é o suficiente para prender o leitor do início ao fim do livro porem peca em alguns pontos tão simples que acabam fazendo com que eu me pergunte como um autor já consagrado como Riordan cometeu tais erros. A todo momento sentimos que as coisas estão se desenvolvendo rápido demais, que a história está passando em uma velocidade maior que deveria e até mesmo os acontecimentos nas catacumbas parisienses (um grande complexo de tuneis recobertos por ossos humanos) que são responsáveis pelo título “O Labirinto dos Ossos” parece não durar nem 10 páginas, o que aliás é outro ponto negativo a se levar em conta. A magnitude das cavernas subterrâneas, a escuridão e a facilidade com que uma pessoa pode se perder nelas parecem ter sido ignoradas por Riordan já que as crianças entram, acham o que querem e saem de lá com uma facilidade incrível (em minha época a palavra labirinto tinha um significado diferente do apresentado no livro), e se tudo isso ainda não bastasse, a todo momento temos a ligeira sensação de que tudo é muito mecânico, sentimento acentuado pelo final completamente aberto e abrupto que nos deixa com o pensamento de "espera, meu livro veio faltando páginas."

   Refletindo mais um pouco nesse assunto e na singularidade da série 39 Clues eu me pergunto se o responsável pela história do primeiro livro realmente é Rick Riordan ou se existe alguma outra mente por trás de tudo e o autor só é responsável por reescrever um roteiro pre escrito de forma mais estilizada com toques pessoais. Depois de lançar best-seller atrás de best-seller e mais de 10 livros no topo da coluna do New York Times é quase impensável ver falhas como essas sendo cometidas por Riordan e se você pensa que esses foram os piores pontos identificados se prepare pois ainda tenho uma última crítica a fazer: Nellie Gomez, a baba, ou melhor, a "Au Pair" (como eles gostam de se referir a ela) de Amy e Dan. Um personagem que eu não citei até agora mas que aparece logo nas primeiras páginas e acompanha as crianças ao longo de toda a história. "Qual o problema com ela?" você deve estar se perguntando. Bem, sendo quase uma das protagonistas do enredo e assumindo esse papel nas ultimas páginas, Nellie é o personagem mais mal desenvolvido de todos. Sua personalidade superficial e seus pensamentos parecem ser completamente artificiais e fica evidente que a ideia da personagem foi concebida somente para poder justificar e tornar possível as aventuras das crianças pelo globo. É quase como se durante os estágios finais de planejamento da história alguém houvesse pensado "Ei, são crianças, não podem viajar ao redor do mundo sozinhos!" e então criado a personagem para tapar os buracos do enredo. Além de baba, ela acaba se tornando também suporte financeiro com a desculpa de "tenho um pouco de credito em meu cartão ainda". Nellie, uma personagem que a princípio parecia não ter ligação emocional nenhuma com os irmãos Cahill não somente aceita fugir com eles para outro pais como os ajuda a escapar do serviço social e entra em diversos problemas para os ajudar na busca. Não sei como a personagem vai se desenvolver nos próximos livros mas realmente espero que outro autor seja capaz de dar a ela uma profundidade e importância maior do que a que Riordan deu.

   The 39 Clues é uma saga com potencial e grandeza incríveis que apesar dos pontos negativos tem tudo para cair na graça popular e se tornar uma das próximas sagas de sucesso ao redor do mundo. Como um livro isolado eu diria que “O Labirinto dos Ossos” deixou a desejar em diversos pontos se levarmos em conta o autor da obra porem ainda é uma excelente leitura para se descontrair. Apesar da idade infanto-juvenil, é uma obra que pode ser apreciada por qualquer idade e com toda certeza tem tudo para virar um ótimo filme.


-A.J.-

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