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Meu pequeno mito da criação - Capítulo II



MEU PEQUENO MITO DA CRIAÇÃO


Às filhas que, por ventura, eu tiver; escrito às pernas de quem, hoje, lhes quero como mãe

Capítulo II
 Do mar é às vezes tamanha a tristeza
Se revirando ali em tanta lamúria
Que mesmo longe ele pode ser ouvido.
E quem longe ouve imagina a beleza
Cingindo o ritmo da imensa fúria
Com a qual aos céus se ergue o seu rugido.

 E foram a ouvir o mundo as pioneiras
As árvores com sua curiosidade,
Porém presas pelas suas próprias raízes.
Elas e, a lhes balançar por inteiras,
A aflição de passar a eternidade
Sem conhecer tudo aquilo e infelizes.

 
A aflição mexia com elas de um jeito
Que as folhas caíam com suas formas mais várias,
Por toda parte se viam espalhadas.
Caíam, como se cair fosse seu direito
Soberano sobre as mais vastas áreas.
Como se ao mundo fossem destinadas. 


Mas as árvores, mesmo tão curiosas,
Tanto quanto o mundo eram inocentes,
Sobre si tinham muito o que aprender.
Logo elas ficaram muito nervosas
Vendo suas folhas caírem de repente
Enquanto tão pouco podiam fazer. 


Não bastava as folhas caírem, então.
Tanto tremiam que as folhas se lançavam
Em todas as direções pelos ares --
Enquanto os ventos pela imensidão
Aos poucos as sopravam, as sopravam,
Até chegarem a beira dos mares.


Entretanto o ritmo com o qual
As folhas se faziam dançar, gentil,
Tal nas praias o instante da descida,
Aos galhos e ramos foi sem igual
De tão brutal com quem o seguiu --
Desde então árvores são retorcidas. 


Outubro de 2014
João Pessoa - Paraíba - Brasil

Adolfo J. de Lima.

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